História
Corria o ano de 1983 e na contra capa do disco comemorativo das Bodas de Ouro do Grupo Musical de Fiães estava espelhado um texto da autoria de Dr. Abílio Ferreira da Silva e A. Gil Correia, sobre esta Terra de FIÃES, que rezava assim:
“ BREVES NOTAS SOBRE A TERRA DE SANTA MARIA DE FIÃES
Fiães, freguesia do concelho e comarca da Feira, distrito de Aveiro, mas fazendo parte da diocese do Porto, dista desta cidade cerca de vinte quilómetros e nove da sede do concelho.
Segundo a maioria dos investigadores, entre eles Leite de Vasconcelos, o seu nome vem de «Ulfilanis». Teria existido, após a invasão do Império Romano pelos povos bárbaros da Europa Central, portanto, em plena época visigótica, uma propriedade rústica, pertencente a Ulfila, um bispo germânico que teria vivido no século IV. Adoptando a língua romana (latim), designar-se-ia «Ulfilanis vila», que quer dizer «vila ou quinta de Ulfila». E, como aconteceu com muitos outros vocábulos, «Ulfilanis» sofreu através dos tempos uma evolução morfológica de que resultou «Fiães» (Ulfilanis – Ufilanis – Ufianis – Ufiães – Fiães).
Mas a povoação de Fiães é muito mais antiga. Com efeito, há indícios de que terá sido habitada na pré-história. E a existência de um «castro» no Monte de Santa Maria demonstra que aí se desenvolveu um aglomerado populacional luso-romano de certa importância, muito provavelmente a «cividade» de Lancobriga, e fundação celta, que é citada no itenarário de Antonino – de Calle (Gaia) a Aeminium (Coimbra). Escavações arqueológicas, infelizmente sem a devida continuidade, têm revelado rico espólio, constituído por vários objectos de pedra, cerâmica, vidro e metal, nomeadamente mais de um milhar de moedas. Partes desse espólio encontram-se no Museu Arqueológico do Instituto de Antropologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, na Faculdade de Letras da mesma Universidade e na Câmara Municipal da Feira.
Com um clima influenciado pela proximidade da orla marítima, Fiães fica situada na bacia hidrográfica do Douro, sendo atravessada peloa rios Gualtar ou Zulela ( com o nome popular de «rio às avessas» por correr de poente para nascente ) e Uíma, afluente da margem esquerda do rio Douro. Estende-se pela vertente leste de uma espécie de crista por onde passa a estrada nacional nº 1, tendo aos pés as extensas «ribeiras», que constituem o fértil vale do Uíma, e como pano de fundo a silhueta das serranias. Pela sua extensão e policromia, este conjunto oferece aos nossos olhos uma maravilhosa paisagem.
Não podendo ser considerada uma terra monumental, tem, contudo, alguns templos que merecem breve visita: a Capela de Nossa Senhora de Lurdes e das Almas ou do Adro-Velho, no local onde há cem anos, e desde o século IX, se implantaram as Igrejas Matrizes da paróquia; a Capela de Nossa Senhora da Conceição ( da segunda metade do século XVIII ), em frente da qual fica a casa do Ilustre Fianense que foi D. Moisés Alves de Pinho, primeiro bispo de Angola e de S.Tomé; a Capela do Senhor dos Aflitos, mais conhecida por Capela da Senhora das Neves ou de Macieira, construída em fins do século XVIII, e a ermida de S. Domingos, de meados do século XIX; e, finalmente a actual Igreja Matriz, benzida e aberta ao culto em 1884. Pela sua traça arquitectónica, são também dignos de nota os edifícios onde estão instalados o Infantário, o Ciclo Preparatório e a Escola Secundária.
Com cerca de dez mil habitantes, Fiães, outrora meio agrícola. É hoje um centro industrial e comercial em pleno desenvolvimento. Às tradicionais indústrias de calçado, cartonagem, serração e cortiça, vieram juntar-se outras, nomeadamente de cerâmica, tintas e colas.
Há precisamente cem anos foi criada a primeira escola primária oficial. Hoje tem também Ciclo Preparatório e Escola Secundária. Um jornal mensário, com oito anos de publicação ininterrupta, tem sido o repositório dos acontecimentos relevantes da sua terra. E varias colectividades de recreio, desporto e cultura animam as horas de ócio da sua gente laboriosa. Entre elas distingue-se, pela obra realizada ao londo de cinquenta anos, o Grupo Musical de Fiães. “
Este texto tem precisamente 23 anos.
Brevemente daremos notícia do G.C.Fiães e sua história.