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Falecimento de Artur Martins Oliveira 26/10/2022

Faleceu Artur Martins Oliveira, um Senhor da Columbofilia Lisboeta e Nacional.

 

Nascido a 29 de outubro de 1953, faleceu esta madrugada a 3 dias de completar 69 anos de idade, e após lutar como um verdadeiro Campeão numa prova inglória que durou 17 anos a travar contra a doença do século…

O corpo de Artur Oliveira chegará à Igreja de Nossa Senhora da Saúde hoje dia 26 de outubro de 2022 pelas 17h00, a cerimónia fúnebre será amanhã dia 27 de outubro de 2022 pelas 11h00 na Igreja de Nossa Senhora da Saúde para o cemitério de Sacavém.

 

 

Iniciou a sua relação com a Columbofilia aos 9 anos de idade, e manteve-se no ativo até hoje, ininterruptamente.

Figura impar do Distrito de Lisboa e de Portugal, representa a essência da Columbofilia Lisboeta, dezenas de anos Campeão de Coletividade, 2 vezes Campeão Distrital de Fundo, representou Portugal por 4 vezes em diferentes Olimpíadas, escreveu uma história de sucesso quer ao nível Desportivo quer ao nível do Dirigismo, onde foi entre outros tantos cargos, o 1º Presidente da atual ACDLisboa.

Em Dezembro de 2017 os atuais Órgãos Sociais da ACDLisboa homenagearam Artur Oliveira com o Prémio Mérito e Carreira na Gala dos Campeões da ACDLisboa, e nomearam o Artur Oliveira para ser a personalidade distinguida pela FPC com o Prémio Mérito e Carreira na 45ª Exposição Nacional, realizada em janeiro de 2018 em Tavira, distinção essa que veio a acontecer.

 

 

                                                                                           

 

 

Em 15 de Setembro de 2022, a ACDLisboa publicou o Regulamento Distrital para a época 2023, onde criou o Campeonato “Artur Oliveira”.

O Campeonato "Artur Oliveira" é principalmente uma forma de o homenagear enquanto Pessoa, Columbófilo e Dirigente, mas também é uma forma de imortalizar o seu nome na gíria da Columbófila Lisboeta, e de colocar durante as semanas das próximas épocas desportiva, os Columbófilos Lisboetas a continuarem a falar do Senhor Artur Oliveira.

Quem nunca ouviu falar de Oliveira & Oliveira da S.C.Sacavém, das suas célebres raças de “os Submarinos”, “os Irmãos Castros”, ou dos Cracks Olímpicos “a Pescadora”, “a Salsicha”, “o Castro” e “a Joia d´Ouro”, não conheceu verdadeiramente parte importante da história da Columbofilia Portuguesa.

É com enorme prazer que contamos num pequeno resumo a história de uma vida dedicada  à columbofilia, sempre ao mais alto nível.

 

                                                                           

 

 

Atualmente Artur oliveira tinha 68 anos, faria os seus 69 anos a 29 de outubro de 2022, e o seu início na Columbofilia acontece ainda em criança, residia em Sacavém, e morava num pátio, com um quintal grande, os vizinhos tinham animais e na altura o seu pai construiu-lhe uma capoeira, e nela tinha coelhos, patos, galinhas e na parte de cima alguns pombos vulgares, decorria o ano de 1963 tinha ele ainda os seus 9 anos.

O seu pai vendo a dedicação e o amor de Artur aos pombos, pediu alguns borrachos a um amigo seu columbófilo, onde vinham 2 azuis, mas entretanto mudam de casa e vão viver para outro local de Sacavém, os coelhos, os patos, as galinhas mataram-se e apenas ficaram os 2 azuis, que se alojaram em sua casa.

Mas afinal eram duas fêmeas e não havia forma de haver criação. Procuraram resolver a situação e encontrar um macho para conseguir fazer criação.

É desta forma que o bichinho da columbofilia entra no sangue de Artur Oliveira.

Quatro anos mais tarde, em 1967, já Columbófilo, chega até ao Artur um pombo negro, 707823, o “Melro”, que foi acasalado com uma azul de guia branca a 707824, números seguidos, mas não eram irmãos, formam o casal velho.

Este casal teve 4 filhas em 1969 e a partir destes 4 pombos nasce uma família ganhadora. Como voadoras eram espetaculares, e depois como reprodutoras marcaram na altura a sua columbofilia.

Uma fêmea negra, vencedora de uma anilha de prata distrital já neta do casal velho, filha de uma das fêmeas de 1969, é a progenitora de uma linhagem que tem voado no seu pombal já há várias décadas. 

A sua linhagem foi cultivada de duas maneiras, esta fêmea Negra cruzava bem com o vermelho do Vasco Oliveira das Caldas, um pombo perdido, comunicado, mas que acabou por lhe ser oferecido por ter as patas partidas, e por outro lado cruzou bem com um macho vindo de Alverca do pombal de Domingos Manuel.

Destes dois cruzamentos nascem duas gerações extraordinárias.

 

 

 

 

 

 

 

 

Em 1980 ofereceu uma vermelha ao Moita de Santa Iria, que cruzou com um Imbrecht e entretanto ofereceu-lhe outro pombo filho da Negra com o pombo do Domingos Manuel, que foi acasalado com os Belgas do Xico que o amigo Moita tinha.

Como esta entrada de pombos do Artur Oliveira em casa do Moita estava a resultar muito bem, introduz ele mesmo os pombos do Moita em sua casa.

Traz um macho em 1987 do casal base do Moita de raça Belga do Xico, que foi acasalado com uma “Submarina”, e foi logo como fogo na palha.

O Artur Oliveira antes de se reformar era bancário de profissão e numa incursão de uns estrangeiros para cambiarem dinheiro na sua sucursal do banco onde trabalhava na avenida da Republica em Lisboa, houve um problema no cambio e entregaram dinheiro a menos a um sujeito Belga, quando deram pelo erro foram ainda à rua tentar apanhar o homem, depois de alguma procura lá encontraram o grupo que andava às compras, devolveram o dinheiro ao sujeito Belga e o Artur Oliveira ainda ofereceu uma coleção de moedas como compensação, e em jeito de brincadeira disse-lhe quando se despediu:

“Quando voltar a Portugal, numa próxima oportunidade traga-me um pombo-correio que vocês na Bélgica são bons nisso.”

Artur Oliveira nunca pensou que a história viesse a ter o desfecho que veio a ter.

Esse senhor Belga, mais tarde contacta Artur Oliveira e diz que está a chegar a Portugal e traz numa pequena caixa de alumínio um pombo que lhe foi aconselhado pela Real Federação Belga a comprar a um amador de confiança e quer entregar-lhe o mesmo em mão.

Essa caixinha ainda está guardada no seu pombal,  traz-lhe enormes e boas recordações.

 

 

 

 

 

 

Decorria o ano de 1983 quando saiu da célebre caixinha, vindo da Bélgica, um lindo exemplar de Pombo.

Acabou por não ser uma oferta, como Artur Oliveira pensava, pagou em moeda Portuguesa 5000 escudos, uma pequena fortuna na altura, mas quando o tirou da caixa era um pedrado de guia branca lindíssimo, a sua entrada no Pombal também foi determinante, foi acasalado com uma meia-irmã da negra, que era a mãe dos “Irmãos Castros”, que eram dois irmãos de ninho, os quais chegaram a fazer 1º e 2º várias vezes, chegavam quase sempre juntos, e ficaram assim batizados porque foi mesmo na altura que os irmãos gémeos Castro andavam a dar cartas no atletismo.

Mas voltamos ao pedrado de guia branca, o Belga, foi acasalado com uma meia-irmã da negra e tirou 4 borrachos, um foi oferecido ao Grilo e ficaram 3 no pombal, estes pombos começaram a ser conhecidos por “Submarinos”, porque os borrachos quando tomavam banho punham-se completamente debaixo de água e não queriam sair.

Num concurso são encestados os 4 borrachos, os 3 do seu pombal e o do Grilo, chovia a “cântaros”, nessa prova marcara bem os 4 irmãos. Foram bons voadores, mas a melhor submarina foi uma fêmea nascida em 1984.

 

Apenas 12 ninhos tinha o seu pombal de reprodução, ainda são os ninhos do pombal antigo, que têm cerca de 40 anos!

 

 

Nasceram 4 pombos Olímpicos na reprodução de Artur Oliveira.

O primeiro foi a “Pescadora”, em 1992 era filha de um macho vermelho irmão da negra, também ele filho do vermelho das Caldas e de uma filha do casal velho de 1967, cruzado com uma “submarina”, ou seja os pais eram primos.

O segundo Pombo a representar Portugal em 1995 na Holanda, foi um neto do vermelho das Caldas. O vermelho das Caldas os últimos filhos que tirou foi em 1991, e nessa altura ao ir ao pombal do Moita, gostou muito dum borracho que lá estava, um Belga do Xico de 1988 que lhe foi oferecido pelo amigo, esse macho foi cruzado à negra velha, saiam todos negros, o macho que vai às Olimpíadas, é o “Castro” filho dele com a negra.

O terceiro pombo Olímpico foi a “Salsicha”, é filha do irmão do 2º pombo Olímpico, o “Castro”, acasalado com uma fêmea azul de porte pequeno dos “Submarinos”, esta pomba teve outras duas grandes irmãs a 499 e a 500, no mesmo ano uma foi campeã de velocidade e a outra campeã de fundo, mas a irmã foi realmente uma crack, até um primeiro distrital de La Muela (750 kms) ela ganhou.

O quarto pombo olímpico foi a “Joia d´Ouro”, também ela de sangue “Castro”, dois filhos do pombo do Domingos Manuel cruzado com a Azul de guia branca, acasalados entre si, deram uma fêmea em consanguinidade que foi acasalada a um macho do Amigo Moita, de raça “Belga do Xico”.

 

 

Muito deste sangue, apesar de já diluído, ainda corre nas veias dos pombos que Artur Oliveira possuiu ate hoje.

A titulo de exemplo alguns dos últimos anilhas de ouro, e estamos falar de campanhas muito recentes, ainda são netos da “Salsicha” de 1994, netos dos “submarinos”, ou seja para alem dos “belgas do Xico” do Moita, e de um pombo Imbrecht, quase nenhuma linhagem entrou dentro destes pombos, podemos dizer com total segurança que estamos a falar de uma linhagem própria, se há alguém que se pode orgulhar de dizer que construiu uma linha de pombos própria, esse alguém era Artur Oliveira, ao qual o próprio numa entrevista ao jornal Mundo Columbófilo apelidou a sua raça de Campeões de os “Saloios de Sacavém”.

E sem dúvida que podemos afirmar que estas suas linhagens fazem parte da historia da Columbofilia de Lisboa e do Portugal.

Logo no seu  primeiro pombal  foi campeão distrital em 1981 e 82, na altura em que as classificações ainda eram feitas pelas médias, não era por pontos, e no mesmo pombal foi também campeão em 1985, toda a década de 70 e 80 esteve sempre no topo.

Muitos prémios de relevo foram alcançados, por exemplo o troféu Leite da Silva, era um prémio em memória de um funcionário que trabalhava na antiga Comissão de Lisboa e que muito deu à columbofilia Lisboeta, para este campeonato, contavam todas as provas de meio-fundo realizadas em Espanha. 

Vencedor de inúmeros campeonatos em Sacavém, anilhas de ouro prata e bronze, Pombos Campeões Nacionais e Vice-Campeões Olímpicos, uma vida cheia de sucesso desportivo.

 

 

 

 

Como dirigente foi e é um exemplo para todos nós.

Começou logo na altura em que entregava os pombos do seu amigo Teodoro para concurso. Começou a mostrar interesse na organização das tarefas do quotidiano dentro da coletividade e os mais velhos começaram logo a ensinar-lhe a ele e ao sócio de vários anos, o “outro“ Oliveira, com quem formou a dupla Oliveira & Oliveira durante muitos anos, a mexerem nos relógios e na papelada, só não punham o nome nas listas porque não tinham 18 anos, mas já desempenhavam as várias funções da Coletividade de Sacavém.

 

                                                                                                                    

 

Entretanto com a vinda do serviço militar, vem para presidente da coletividade de Sacavém, onde esteve muitos anos, começou desde essa altura a ir às Assembleias Gerais da Comissão de Lisboa, até que em 1984 o seu Amigo Morais, que também acompanhava assiduamente a vida columbófila Lisboeta, foi ter com o Artur, conversaram e foram juntos para os órgãos sociais da antiga Comissão.

Acompanham toda essa direção eleitos no Conselho Fiscal, começaram a conhecer como funcionavam as coisas e entretanto sentiram que podiam fazer mais e melhor do que os elementos que estavam na então direção e propõem-se a eleições.

Em 1985 ganharam as eleições, tinham um grupo no qual, muitos dos elementos trabalhavam, era um grupo forte, ao ponto de conseguirem adquirir 3 galeras que passados 35 anos ainda são essas que circulam no distrito de Lisboa, e muito fizeram para a dinamização e modernização dentro do distrito de Lisboa.

Em 1990 acabou o seu papel na direção do Distrito, nunca os Lisboetas podem esquecer, o seu contributo e da sua equipa diretiva na época, com a passagem da Comissão de Lisboa em 1985 para a atual ACDLisboa, e restante trabalho que ainda hoje colhe frutos, esta equipa é por exemplo os “Pais” das concentrações de recolhas de pombos em Portugal entre muitas outras ideias que ainda hoje prevalecem.

 

 

 

 

No ano de 1990, coincidindo com a sua saída do dirigismo distrital, onde chegou também a ser presidente da Assembleia Geral da ACDLisboa, dedicou-se à reconstrução da coletividade de Sacavém, descascou todas as paredes e fez quase tudo de raiz, com apenas 3000 contos que a coletividade tinha, foi uma grande ginástica financeira para conseguir concluir toda a obra.

Nesta altura também se inovou bastante, por exemplo Artur Oliveira iniciou com os leilões de colónias nas coletividades, criou o pagamento à cabeça de toda a campanha, acabou com a inscrição de pombos à prova, passou a ser estabelecido o número de pombos a enviar logo no início da campanha etc.

 

 

 

 

Obrigado Amigo Artur Oliveira, a Columbofilia agradece teres “aberto o Livro” e teres escrito uma bonita e marcante história de Dedicação e Amor durante os últimos 60 anos…

 

A Associação Columbófila do Distrito de Lisboa não podia deixar de prestar uma justa homenagem a Artur Oliveira.

 

À sua Querida Esposa Ana, à sua Filha Vânia e à sua Neta Carolina e à restante família enlutada deixamos os nossos profundos sentimentos.

 

Descansa em paz Amigo ... fica a promessa que o teu legado jamais será esquecido ... até sempre. 

 

Os Órgãos Sociais da Associação Columbófila do Distrito de Lisboa 2017/2022